segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Irmão Fabio Batista Lara


Gabinete Estadual do Paraná
Entrevista do Mês
Irmão Fábio Batista Lara
Criador do Hino Demolay, Chevalier

É com muito prazer que iniciamos a primeira entrevista do ano com o grande irmão Fabio Lara, ou "Frodo", "Fabinho". Esta grande pessoa que demonstra a cada dia como ser e praticar todas as virtudes e ensinamentos da  Ordem Demolay, seja no trabalho ou na vida pessoal.


1)    Irmão Fabio, você atualmente trabalha em um ramo extremamente honroso, o de ser um bombeiro, diariamente você se depara com situações em que algo está em perigo. De que forma a ordem Demolay contribuiu em sua vida para tomar a decisão de ser um bombeiro?

Foi um processo engraçado. Em meados de 2009, quando ainda era DeMolay ativo, comentei entre os irmãos, meio que na brincadeira, que se um dia houvesse um concurso para bombeiro, eu tentaria, só pela aventura. Durante o ano nem me lembrei mais desse comentário isolado, quando, num belo dia em 2009, o Irmão Antônio Henrique de Lima, me mandou um email com o edital do concurso para soldados do Corpo de Bombeiros. “Estava aqui na net vendo uns concursos e vi um que lhe interessa : )”. Foi fatídico. E, é, claro, durante todo o processo do concurso, que foi bem penoso, contei com o apoio de muitos Irmãos até alcançar esse degrau.

2)    Como e quanto os ensinamentos e baluartes da ordem Demolay, contribuem nesta profissão de tanto empenho?

É fundamental. Começa pelo companheirismo entre os colegas de guarnição. Precisamos confiar a vida uns aos outros, pois de vez em quando enfrentamos situações mais arriscadas que o normal. Temos tambem o patriotismo, fundamental para nossa carreira militar. Mas acho que a maior contribuição foi justamente a preparação para a maioridade. Muito do que vejo e vivo hoje, principalmente situações complicadas ou extremas, me fazem lembrar sobre os anos de preparação para isso. Neste ponto vejo que principalmente a Cavalaria e Ébano me ajudaram. Inclusive, se algum Sir ficar curioso sobre como a Ordem me guia na profissão, convido que reveja o juramento da Cavalaria. Não preciso falar mais nada...

3)    Quando você era jovem, ou criança, em algum momento sonhava e pretendia fazer parte do corpo de bombeiros? Ou era apenas aquela admiração heróica que toda criança tinha por bombeiros?

Que nada! Quando moleque, queria ser arqueólogo e cientista. Cientista eu quase virei... Mas enfim, nunca tinha alimentado o sonho de ser bombeiro (ou jogador de futebol, que também é um sonho infantil recorrente).

4)    Você gostaria de ver mais irmãos nesta profissão?

Com toda a certeza! De vez em quando, no meio de uma conversa sobre carreira e futuro, muito comum aos DeMolays na faixa dos 16 até a maioridade, eu pergunto se eles têm interesse em ingressar na Corporação. Um dia eu convenço alguém! Inclusive, como incentivo, menciono o caso do capitão Régis, hoje Tio, e que foi Mestre Conselheiro do Capítulo Maringá em 1993. Ele começou como soldado e hoje é comandante dos bombeiros de Apucarana, além de ter sido o coordenador da minha escola de soldados. Apesar de não termos tido muita proximidade, apenas saber que ele era DeMolay me ajudou a ter força em muitos momentos difíceis da escola.

5)    Existem dois momentos marcantes em sua vida dentro da ordem Demolay, a de receber a honraria de Chevalier, e a de ser o autor do hino Demolay. Nos conte como foi a sensação, e a emoção de ambas. Você esperava por isto?

O hino foi a coisa mais inesperada da minha vida. O processo de composição e envio para o concurso foi uma verdadeira batalha (e das bem sofridas). Assim, quando estava trabalhando (ainda no meu antigo estágio) e recebi a ligação do Grande Mestre Nacional – na época, Tio Guilherme Aguiar – quase tive um ataque. Fiquei desnorteado o dia inteiro. Pra ser sincero, até hoje não me caiu a ficha direito (risos), pois no CNOD de Tramandaí, ouvindo uma multidão de DeMolays cantando o hino, a primeira coisa que me veio à cabeça foi “eu realmente fiz isso?”.

Quanto ao Chevalier, foi  um desafio psicológico e tanto. Começa um burburinho aqui, um boato ali sobre um possível Chevalier no Capítulo. Fechei meus ouvidos e me recusei a pensar em qualquer coisa, pois sabia que haviam muitos irmãos incríveis em meu Capítulo, todos merecedores. No dia, que falo sem dúvida, foi o dia mais emocionante que eu tive na vida, tremi, chorei, e encarei aquilo não como a entrega de um prêmio, mas uma responsabilidade a mais para toda a vida. Aceitei o desafio. E nos meses seguintes, precisei vencer a dúvida que me corroía: “sou Chevalier só por causa do hino?”. Muitos irrmãos me perguntavam isso, e pode crer que isso me torturava muito. Hoje fico tranquilo. A última vez que me perguntaram, respondi: “Olha, perguntou pra pessoa errada. Os que me indicaram foram aquele, aquele e acho que aquele ali tambem. Só eles podem dizer o que eu fiz de bom aqui para ser Chevalier. Eu não sei de nada!”.

6)    Você possui mais objetivos ou desejos acerca da ordem Demolay? Ou pretende se dedicar extremamente ao trabalho, já que seus anos de maioridade foram alcançados.

Pretendo manter um equilíbrio. Quero muito fazer cursos na Corporação e evoluir na minha carreira, além de me tornar atleta e cumprir umas outras metas por aí. Mas, mesmo com tanta coisa para fazer, tenho muita fé na Ordem e espero ajudar os DeMolays, mesmo que de forma indireta. Uma filantropia aqui, umas visitas acolá. E mostrar também aos Irmãos o quanto a Ordem ainda é importante e presente na minha maioridade, mesmo eu não podendo participar tão ativamente das reuniões ou eventos (o serviço por escala abraça muitos finais de semana, feriados...). Considero que a organização possibilita dosar as coisas e permitir fazer tudo o que se gosta!

7)    Qual foi a situação extremamente mais dificil (se já enfrentou)  em sua profissão que nunca mais esquecerá?

Como lidamos com muitas situações sofridas, procuramos não nos envolver profundamente, em favor de nossa saúde mental. Entretanto, algumas ocorrências marcam muito mais que outras. Destaco, sem dúvida, um acidente na rodovia envolvendo dois veículos, há meses atrás. Em respeito às famílias, não mencionarei nomes. Três vítimas fatais, sendo uma delas uma menina de uns 11 anos, que já estava morta no local. O impacto foi tão forte que o dano na cervical foi fatal. Não havia sangue. Só o rosto dela caído, sem vida. Aquela cena ficou me atormentando algum tempo. Naquele dia, depois de chegar no quartel, me escondi num canto pra chorar um pouco. Quando envolvem crianças, as coisas são mais difíceis.

8)    Irmão, admiramos muito você, como pessoa e Demolay, qual a mensagem que dedicaria aos irmãos do estado do Paraná, para serem bons e dedicados Demolay´s em seus capítulos assim como tu.

Caramba, nem sei se tenho tanto cacife pra isso, mas lá vai: apesar de ser um conselho chavão, reforço aos meninos que não foquem a Ordem como um objeto de orgulho perante a sociedade profana, ou uma atividade de final de semana. É preciso lapidar o que se aprende lá dentro aqui fora. De que forma? Sigam as virtudes com ações sólidas, reais. Na teoria, tudo parece mais fácil. Mas agora, ser reverente, amoroso, fiel, puro, patriota (entre outras virtudes) na vida diária, é um desafio terrível mesmo! Leiam seus juramentos com frequência, e saibam o que está escrito, pois ali está o guia para as suas vidas. Por fim, aproveitem! As amizades feitas na Ordem influenciarão toda a sua vida, assim como o caráter que você constrói e aperfeiçoa!



O gabinete estadual agrade vossa disposição para conosco, que o Pai Celestial, vos ilumine. Forte abraço. Feliz ano Novo, este que seja repleto de alegrias, amor, e saúde.

Eu que agradeço o convite para a entrevista! Me divirto muito escrevendo essas coisas e aproveito para fazer um merchan não autorizado do meu blog: outonna.blogspot.com. Variedades entre Ordem, poesia, maioridade e vida de bombeiro.
E dando um último recado: os Irmãos que me aguardem. Tenho um projeto totalmente biruta de visitar todos os Capítulos paranaenses de moto, num prazo de um ou dois anos, e registrar toda a viagem. E é isso! Um fraternal abraço a todos e Paz Profunda!